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Manoel Benício dos Passos, vulgo Macaco Beleza: o “tribuno monarquista das ruas de Salvador(1866-98).


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Walter Fraga, em Longe, muito Longe. Manuel Benício dos Passos, um capoeira no ativismo do pós-abolição, se propõe a “acompanhar a trajetória de Manoel Benício para pensar como um indivíduo negro e ex-escravo pôde ao longo da vida desafiar e se insurgir contra os limites da dominação escravista e do racismo “ (Fraga, 2023, p.15).[1]

Quebrar o silêncio que envolve a vida de Manoel Benício (1866-98), vulgo Macaco Beleza, resgatando entre outras coisas seu ativismo político pela abolição da escravidão e a luta pela cidadania das pessoas negras, exigiu do autor, dada a carência de documentos trilhar o caminho “do que era possível e historicamente plausível” (p.13).

Ao longo dos seus 10 capítulos se descontrói a imagem folclorizada de Manoel Benício, criada por memorialistas e registros policiai, isto é, a de ter sido um fanático defensor da monarquia. Este texto quer ser um convite a leitura do livro, que nos ajuda a entender os “persistentes dilemas que tornam o Brasil atual tão excludente e desigual. Nesse sentido, Manoel Benício está perto, muito perto de nós” (p.15).

Contexto da infância de Manoel Benício

Manuel Benício dos Passos, nasceu na Freguesia de Nossa Senhora dos Mares, em 26 de fevereiro de 1866, filho de Cristina, escrava crioula de Maria Benedita de Sousa Passos, que o alforriou aos cinco meses de idade. Seu pai Aristides Conegundes Moura, viva como agregado da família Moura, residente em Calçada. Foi batizado, em 15 de julho de 1866, sendo padrinho o africano Manoel Exótico. “Ser liberto e ao mesmo tempo viver sob a autoridade da ex-senhora foi o dilema que acompanhou Manoel Benício por toda a infância e juventude” (p.32).

O crescimento de Salvador contribuiu para que Mares de arrabalde praieiro se transformasse num bairro populoso e urbanizado. A implantação das primeiras linhas de bonde, chamadas “Gôndolas” e a implantação da Estrada de Ferro (1858-1863) movimentou a região. Ilustres visitantes estiveram na região, como o viajante Maximiliano de Habsburgo e dom Pedro II, que “passou pela freguesia dos Mares para visitar a igreja do Bonfim e ver de perto o começo das obras da ferrovia (p.34).

“Manoel Benício nasceu e cresceu mergulhado em uma cultua popular marcadamente negra e em permanente movimento” (p.35), tendo nas festas sua expressão maior, sendo a Lavagem do Bonfim a mais importante e concorrida. Outras como o entrudo, o busca-pés e a brincadeira de tomar banho de mar nu eram fortemente reprimidas, com vistas a civilizar os costumes e policiar os africanismos.

“Manoel Benício nasceu numa conjuntura de crise econômica e recrudecimento da pobreza” (p.40), que desde a década de l860 crescia assustadoramente, graças as epidemias, surtos de febre amarela, crise alimentar e queda no preço do açúcar. O recrutamento militar forçado para a guerra do Paraguai espalhou o medo, acirrou os conflitos e violência em todo o país.[2] Em pouco tempo muitos “voluntários da pátria” se tornaram “inválidos da pátria”, abandonados pelas ruas da cidade, revelando os limites da cidadania. “ Foi esse um dos ingredientes mais poderosos da rebeldia negra em todo o país após a Guerra do Paraguai” (p. 43).

A volta dos soldados negros levou o estado e o ativismo negro a discutirem os fundamentos do direito privado dos senhores. “Assim, Manoel Benício cresceu num contexto em que o debate sobre a cidadania negra vinha ocupando a cena política, impulsionando pela perspectiva do fim da escravidão e pela movimentação política dos jovens negros de sua geração” (p.45).

Um apelido revelador de uma vida

A iniciação de meninos e meninas em algum oficio começava entre os sete e os dez anos, sob a guarda de mestres, em geral eles(as) eram submetidos a um duro regime de aprendizado, no qual os castigos físicos eram uma constante. Daí as inúmeras fugas. “Além da iniciação no ofício de pedreiro, é possível que entre os sete e os seus dez anos Manuel Benício tenha começado a alfabetizar-se” (p.48).

“Moleque vadio” era o nome dado a quem se rebelava contra o poder senhorial. Uma vez longe do controle senhorial se organizavam em “bando”, “malta”, “súcia” ou “quadrilha”, com seus territórios de atuação e luta. Na década de 1870, a pacífica freguesia dos Mares encontrava-se tomada por “uma malta de vadios e turbulentos”; O modelo hierárquico não era reproduzido nas maltas, compostas por crianças brancas e negras, escravos, libertos ou livres.

“Evidente que ao reprimir esses grupos de menores a polícia agia seletivamente de acordo com a cor da pele e a condição social da criança”(p.52). As maltas se identificavam pelo seu modo próprio de vestir, andar, falar e comportar-se e viviam em conflitos permanente, Um sentido de irmandade e bravura irmanava seus membros. “As maltas eram organizações de divertimento, irreverência, escárnio e ridicularização de pessoas e costumes” (p.54). Macaco Beleza pode ter participado de uma delas. Quando Macaco Beleza entrou na adolescência, meninos e meninas eram controlados, disciplinados e castigados visando prepara-los como futuros trabalhadores dóceis e disciplinados.

O subdelegado Ildelfonso Lopes da Cunha, a frente do projeto liberal de combate à vadiagem, pendeu por três vezes Manoel Benício. Seu primeiro pedido de enviá-lo para a Ilha do Frade, que abrigava desvalidos e “incorrigíveis” não foi atendido pelas autoridades, que o enviaram para a Casa da Prisão com Trabalho. Possivelmente dentro da prisão voltou a alfabetização e acompanhou o processo de radicalização do movimento abolicionista na Bahia. A segunda prisão ocorreu, em 1º de dezembro de 1844, no despacho para encaminhá-lo para a Casa de Prisão com Trabalho, o subdelegado utilizou o apelido de Macaco Beleza. Ele voltou a ser preso, em 3 de julho de 1885, enviado, agora, para a Casa de Correção no forte Santo Antônio.

Entre 1883 e 1885, o ativismo abolicionista ganhou as ruas e se intensificou. Foi nesse tempo que Macaco Beleza se inseriu no movimento abolicionista “Vale observar que nas três correspondências  escritas pelo subdelegado Idelfonso Lopes não há qualquer menção à condição de liberto de Macaco Beleza, nem à sua relação com a ex-senhora” ( p.70).

Para Fraga, não é possível determinar em que momento e circunstâncias o apelido de Macaco Beleza foi associado a Manoel Benício. As possiblidades explicativas do apelido são muitas, ao ligar a palavra macaco à esperteza, à sabedoria, ao mundo da política, a um conteúdo racista. Com o tempo, “o apelido tornou-se a marca estigmatizante do negro que ousava meter-se na arena política sem a tutela e sem consentidos dos brancos” (p.79).

Macaco Beleza: postilhão, orador e abolicionista

“Foi com o alcunha de Macaco Beleza que ele ficou conhecido em toda a cidade ao protagonizar momentos importantes que levaram ao fim da escravidão” (p.79). Em 1885, Macaco Beleza trocou a pacata freguesia dos Mares pelo centro da cidade. Por dez anos, ele fez do núcleo mais antigo da cidade um território para chamar de seu.  No século XIX, a região central preocupava as autoridades por ter se tornado refúgio de vagabundos, vadios, capadócios e mandingueiros. “Ser capadócio era não ter senhor ou não se deixar enredar nas tramas de dependência” (p.88). Os capadócios eram conhecidos como capoeiras.

Macaco Beleza circulava no mundo da capoeira, mundo visado pela repressão policial .Entre 1880 e 1889 , ele foi preso 23 vezes por desordem, embriaguez e vadiagem. As prisões, em geral realizadas nos períodos festivos, visavam disciplinar e enquadrar as populações negras e pobres.

No período da ascensão conservadora, em 1885, Macaco Beleza estabeleceu laços com os políticos do Partido Liberal. A partir de 1885, o movimento abolicionista na Bahia se radicaliza contando com a participação de trabalhadores urbanos, dos transportes marítimos e dos clubes abolicionistas. Macaco Beleza deve ter trabalhado como segurança de abolicionistas, como Eduardo Carigé. “Como entregador da Gazeta da Tarde, ele se aproximou de lideranças e de políticos influentes do Partido Liberal” (p.98).

Uma de suas ações era ler os jornais para as pessoas na rua e a oratória era sua arma. Para Fraga, “podemos dizer que Macaco Beleza fazia parte de uma linhagem de oradores de rua que ficaram célebres nas grandes  cidades oitocentistas” (p.100). Seus discursos eram proferidos no coração político, econômico e eclesiástico da cidade. Ele chegou a década de 1880, como um dos mais conhecidos oradores populares, que estabeleciam pontes entre a escravidão e opressão das pessoas negras.  O sentimento antiescravista brotava de sua própria exigência familiar. Consciente de seus direitos como pessoa livre, ele reclamava das prisões arbitrárias.

A proclamação da Abolição foi festejada intensamente não só na província da Bahia, mas em todo o território nacional. Digno de nota, a apropriação dos símbolos da independência, sinalizando que, “os remidos possivelmente entendiam que tanto 2 de julho quanto 13 de maio eram datas de celebração da liberdade”(p.114). Teodoro Sampaio registrou a reação de Manoel Benício, “chorou por longo tempo, de seus olhos não se enxugavam as lágrimas, e a sua atitude mereceu geral atenção “(p.112).

No pós- abolição presenciou compensatórias para os ex-senhores e controle para os ex-escravizados, que reafirmavam sua condição. “Para os abolicionistas, a questão mais decisiva era o que fazer de suas bandeiras de luta” (p.117). A verdade é que a população  negra teve de dar continuidade sozinha na luta.  Macaco Beleza, mesmo tendo uma atuação radical no movimento abolicionista, não foi reconhecido e passou a história como  um dos célebres capadócios e desordeiros “ Após a abolição ele se colocava à frente na defesa de suas próprias convicções”(p.120), o que levou-o a distanciar-se dos abolicionistas que se engajaram na propaganda republicana após o 13 de maio.

Macaco Beleza sua luta abolicionista

Em Santos, grande reduto da resistência antiescravista da província de São Paulo, o advogado Antônio da Silva Jardim, republicano, associou-se as celebrações da Abolição, com a intenção de cooptar libertos para o projeto republicano. Republicanos, em São Paulo e na Bahia, acreditavam ser este o momento favorável para disseminar a propaganda republicana, visando angariar o apoio dos trabalhadores.

Os conflitos entre monarquistas e republicanos começaram no Rio de Janeiro, em 30 de dezembro de 1888, por ocasião de uma conferência de Silva Jardim.  Havia o temor de que uma divisão racial entre brancos e negros se instalar no país, como tinha ocorrido nos Estados Unidos e Haiti. Os defensores da República viam os libertos como uma massa inconsciente, manipulável e sem condições de fazer opções políticas.

Na Bahia, os confrontos entre republicanos e monarquistas tiveram início no dia 14 de julho de 1889, atingindo seu ápice no dia 15, quando ocorreu o “Massacre do Taboão”, por ocasião do desembarque do conde d’Eu e de Silva Jardim em Salvador. Durante o tumulto, o grito que mais se ouvia era “viva a Monarquia” e “viva a República”. Os relatos dos acontecimentos deixaram transparecer o preconceito racial e que uma guerra racial estava em curso. “Na fala de Rui Barbosa e na de muitos observadores da época, era como se até então não houvesse conflito racial na Bahia. E mais: os polos do conflito apareciam invertidos, sendo os brancos as vítimas do ódio racial, e não o contrário “(p.140). A tensão e os conflitos continuaram na cidade, mesmo depois da partida do vapor Alagoas para Recife com Silva Jardim e o conde d’Eu.

“Naqueles dias, Macaco Beleza foi alçado à posição de liderança das manifestações da Guarda Negra na Bahia. Os jornais não perderam tempo em ridicularizar suas escolhas políticas “(p.146).  Atribuía-se a Macaco Beleza uma ingênua e serviçal devoção à  monarquia, como explicá-la? “O monarquismo popular em muitos momentos foi um ingrediente importante de crítica política e da rebeldia das camadas sociais mais baixas. “( p.147).

No entanto, nem todos os libertos eram monarquistas, havia republicanos entre eles. “Na perspectiva dos libertos alinhados à monarquia havia motivos para desconfiar do engajamento dos republicanos na luta pelo fim do cativeiro” (p.149). A abolição não fizera parte da agenda republicana, era uma luta considerada secundária.

Entre os libertos, a percepção era de que o imperador oferecia garantia de que a abolição não seria revogada. “Assim, a opção pela monarquia tinha intima conexão com o sentido de igualdade de direitos e de liberdade”(p.150).

A emergência da Guarda Negra viabilizou um movimento político autônomo da população negra, movida pelo desejo de fazer valer a lei de 13 de maio e lutar contra a escravidão. A opção de Macaco Beleza de ingressar na Guarda Negra se explica “por tomar o partido das ações cujo objetivo conspícuo era oferecer resistência contra qualquer tentativa de revogação da lei de 13 de maio” (p.151).  A repercussão dos acontecimentos de 15 de julho de 1889 projetou Macaco Beleza no cenário nacional, como defensor da monarquia.

O golpe militar e a deportação

“ A versão de que o Império se apoiava na Guarda Negra era a justificativa perfeita para quem viu  no militarismo o caminho mais fácil para derrubar a monarquia e impor a ordem republicana” ( p.154). A cidade de Salvador encontrava-se dividida entre monarquistas e republicanos, o que explica em parte ter sido a Bahia “uma das últimas províncias do Império a aderir ao regime republicano” (p.155). Macaco Beleza tendo saído da cadeia no dia 14 de novembro pode participar intensamente da agitação ocorrida entre os dias 15 e 18 de novembro.

A notícia do golpe militar só chegou no dia 16 num telegrama de Deodoro solicitando apoio ao governo provisório. O governo da província, a Câmara e as camadas populares não reconheceram a República. O apoio veio do forte São Pedro através do Batalhão de Infantaria. No dia 17, o coronel Frederico Cristiano Buy anunciou a instalação do regime republicano na Bahia. No dia 18, a Câmara voltou atrás e reconheceu o governo instaurado no Rio de Janeiro. No mesmo dia 18, Virgilio Damásio tomou posse como governador e esteve à frente do governo por apenas cinco dias, sendo substituído por Manuel Vitorino Pereira.

As celebrações, que se seguiram pelo advento da República, confirmaram a fábula de que os grandes impasses nacionais eram resolvidos pacificamente. Manuel Vitorino instalou um regime repressor com a justificativa de manter a ordem, as prisões se intensificaram. O governador criou a Guarda Civil, que não permitia a entrada de negro e o corpo Policial do Estado, visando manter a ordem na cidade e nas áreas rurais. No dia 19 de novembro, ordenou a eliminação de qualquer símbolo que relembrasse a monarquia. Logo após a proclamação da República iniciou-se um intenso processo repressivo, tanto na Bahia como no Rio de Janeiro. Nesses dias Macaco Beleza foi preso e em dezembro deportado juntamente com inúmeros capoeiras e opositores. No dia 20 de dezembro de 1889 são enviados para o Amazonas. Recusados pelo chefe da polícia local, tiveram de retornar para Salvador. Graças a um acordo com o novo governo republicano foram enviados para Fernando de Noronha.

O novo governo para deportar anonimamente Macaco Beleza mudou seu nome para Manuel Verissimo dos Passos. Anonimato que durou pouco, pois no Carnaval o clube Os Críticos  Independentes mencionaram o fato apoiando a deportação.

O degredo de Macaco Beleza

A canhoneira Liberdade chegou na ilha de Fernando de Noronha no final da tarde de 22 de fevereiro de 1890, com 19 presos capoeiras, entre eles Macaco Beleza, com nome trocado. Após o desembarque, antes de serem incorporados no presídio foram levados para um grande alojamento chamado Aldeia, onde ficavam os detentos sem família e sem casa, aí também, acontecia o batismo dos presos novatos. Fernando de Noronha era conhecido como a prisão mais temida do Brasil, seu prestigio aumentou com a chegada dos capoeiras e “desordeiros”.

Navegantes portugueses tomaram conhecimento do arquipélago entre 1501 e 1503. “Em 1504, a ilha inicialmente batizada de São João foi doada pela Coroa ao donatário Fernando de Loronha“ (p.178). O que explica o futuro nome. Permaneceu sob o domínio da família até 1737, quando foi anexada a capitania de Pernambuco. “No início da segunda metade do século XVIII, o arquipélago passou a ser utilizado como prisão “  (p.178). Nos primórdio do século XIX passou a ser chamada de Presídio Colônia Agrícola Fernando de Noronha.

O presidio recebia homens e mulheres, sendo o número dos primeiros bem maior. Em 1890, a população da ilha era de 2088 habitantes, cerca de 1339 eram sentenciados civis, militares e deportados. No período que Macaco Beleza esteve no presídio a maioria da população carcerária era de ex-escravos, presos por crimes cometidos antes da abolição. Suas histórias são reveladoras da resistência escrava na segunda metade do século XIX.

Mesmo depois da abolição, dentro do presídio a identidade dos ex-escravos era definida pelo fato de terem pertencido a alguém.

Além dos moveis pertencentes ao presídio, chamados de “prédios nacionais”, havia casas de detentos e uma Igreja, dedicada a Nossa Senhora dos Remédios, padroeira dos sentenciados. O final da década de 80 e início de 90 foi marcado por uma seca prolongada, escassez de gêneros alimentícios e surtos de epidemia de beribéri, varíola e bexiga.

“Durante o período em que Macaco Beleza esteve no presídio as coisas não mudaram “  (p.184). No período que ele esteve lá passou a frequentar a escola para melhorar a escrita, “vê-se que ampliar o domínio da escrita e da leitura continuava no horizonte das expectativas de Macaco Beleza nos anos de desterro” (p.193),

Aos ex-escravos cabia os trabalhos mais insalubres, e os que exigiam mais tempo e esforço físico. Permanentemente explodiam conflitos por indisciplina, não há registro de que Macaco Beleza tenha sido punido por indisciplina. Capoeiras de várias províncias foram deportados para a ilha.

A convivência forçada criou e fortaleceu alianças, mas também acirrou velhas diferenças e inimizades. Como companheiros da mesma travessia em porões infectos de navios e nos rigores da vida do presídio, aqueles homens de origens e maltas diversas terminaram formando uma comunidade de renegados da República (p.200).

 

A volta de Macaco Beleza para Bahia ocorreu no dia 13 de fevereiro de 1893.

Entre os renegados da República

Os artigos publicados no jornal Novidades do Rio de Janeiro intitulado “Cartas de um capoeira”, que esteve preso em Fernando de Noronha nos ajuda a desvelar o cotidiano de Macaco Beleza na ilha. O correspondente J.S. inicia descrevendo sua injusta prisão como capoeira, no período da “guerra de extermínio” promovida pelo chefe de polícia Sampaio Ferraz contra os capoeiras no Rio de Janeiro. Entre os objetivos dessa perseguição pode-se enumerar a tentativa de romper os vínculos entre políticos e capoeiras e o desmonte da Guarda Negra.

A primeira leva de capoeiras que partiu para Fernando de Noronha saiu do Rio de Janeiro no dia 9 de janeiro de 1890, no navio Madeira, chegando na ilha no dia 23 de janeiro. Capoeiras de outras províncias também foram levados para lá.

O termo capoeira era aplicado a uma grande diversidade de indivíduos: jogadores, valentões, capangas de políticos. “Muitos integravam as maltas que ao longo do século XIX aterrorizavam a polícia da Corte“(p.209).[3] Entre os mais conhecidos capoeiras deportados estão entre outros Manoel Gomes Neto Fiúza, vulgo Carrapeta, Antonio Lampedusa, Domingos Soares Calçada, o Dominguinho da Sé e Juca Reis. A prisão de Juca Reis gerou a mais longa crise dos primeiros anos da República. Quintino Bocaiuva, ministro das Relações Exteriores, considerava excessiva a prisão de Juca Reis e ameaçou abandonar o governo. A solução encontrada pelo ministro da Justiça, Campos Sales foi que “os deportados com posses pudessem morar em outro país” (p.214).

O tratamento dado a Juca Reis contrasta com o dado aos capoeiras negros e pobres, revelando “as contradições de uma sociedade que tratava desigualmente seus cidadãos. Por serem negros da ‘ínfima classe’, seus sofrimentos não rendiam notícias nos jornais “ (p. 218) .

J.S. relata sua travessia no porão do vapor Jacuhype, a horrível recepção na Aldeia. Suas narrativas, “em muitos pontos coincide com o que foi registrado na documentação do presídio e com o que já se escreveu sobre o envolvimento dos capoeiras com a política no tempo de Império” (p.219). Aos pouco ele conseguiu fazer amigos entre os “companheiros de infortúnio”. Durante os dois anos, que Macaco Beleza permaneceu em Fernando de Noronha, “testemunhou um dos momentos mais intensos da história do presídio. A entrada brusca de presos capoeiras procedentes de vários lugares do Brasil e principalmente do Rio de Janeiro alteraria o cotidiano e aumentaria as tensões na ilha” (p.221)

A segunda Libertação

Quando Macaco Beleza desembarcou na ilha de Fernando de Noronha, a população carcerária formada por ex-escravos estava agitada com a expectativa de anistia por crimes cometidos no tempo do cativeiro. A abolição e a mudança de regime reacenderam a esperança de comutação das penas e outorga de perdão (p.222).

O Poder Moderado, entre 1888 e 1889, fez uma revisão das penas dos seus condenados pela lei de 10 de junho de 1835 e ao longo de 1889 os primeiros ex-escravos receberam induto. Em 20 de setembro de 1890, o decreto nº 774 aboliu a pena de galés, em 28 de setembro  invalidou as condenações baseadas na lei de 10 de junho de 1835.[4] “A primeira grande saída após o decreto aconteceu em 27 de outubro de 1890, quando seguiram a bordo do Jacuhype 122 presos deportados e sentenciados dentro eles 33 ex-escravos” (p.226-227). Um segundo grupo de 112 deixou, em 10 de novembro de1890, a ilha no vapor Beberibe

“Embora escritas por terceiros, as petições encaminhadas por ex-escravos são documentos valiosos para dimensionar como aqueles homens e mulheres pensavam a experiência da escravidão e quais estratégias utilizavam para embasar o pedido de perdão “ ( p.228). A estrutura do pedido era muito semelhante, nem por isso menos revelador da situação dos detentos e das relações estabelecidas entre eles.

“As petições são preciosos testemunhas da forma como os ex-escravos definiam as experiências do cativeiro.  Expressões como ‘horrores da escravidão’, ‘cruel cativeiro’, ’garras do cativeiro ‘ e ‘rigor da escravidão’ são muito indicativas do que pensavam sobre a opressão vivida no tempo de servidão” ( p.232).

Os capoeiras também passaram a exercer pressão para deixar o presídio. O primeiro grupo a sair foi o dos deportados estrangeiros, em 27 de agosto de 1890. José Elísio dos Reis, o conhecido Juca Reis estava nesse grupo. Mais tarde sairiam os que tinham bom comportamento.

O fato do governo federal transferir a gestão do presídio para o estado de Pernambuco ajudou a acelerar os processos de libertação. Entre 1891 e 1892, Macaco Beleza e os capoeiras baianos começaram a movimentar-se para pedir a libertação. Em 26 de dezembro de 1891, o pedido foi deferido. Antes de embarcar para Salvador estiveram uns dias na Casa de Detenção de Recife, onde foi feito o registro do perfil físico dos capoeiras.  Maluco Beleza é assim apresentado numa

coluna do livro de registro [que] dava breve descrição dos seus traços físicos: 25 anos, solteiro. ‘pardo escuro’, pedreiro, 1,82 metro de altura, cabelos pretos e carapinhos, rosto comprido, pouca barba,, olhos graúdos, nariz chato, boca grande,  todos os dentes, corpo regular, sabia ler e escrever  ( p.242).

Em 20 de fevereiro de 1892 embarcaram no vapor Jacuhype, com destino a Salvador. Os  últimos deportados deixaram a ilha em 3 de dezembro de 1894 e os últimos sentenciados em julho de 1897.

Novamente em Salvador

Macaco Beleza desembarcou no porto de Salvador, em 22 de fevereiro de 1892, mas sua chegada só foi noticiada pelos jornais no dia 29 em pleno carnaval. Surpresa para muitos e decepção para outros. O Jornal de Notícias, dez dias após a chegada de Macaco Beleza publicou um poema preconceituoso contra ele.

Enquanto esteve no desterro ficou sabendo entre outras coisas da catástrofe do Taboão, da fria celebração do segundo aniversário da abolição, da morte de Silva Jardim na Itália e de dom Pedro II, em 5 de dezembro de 1891, em Paris, e do descontentamento que reinava na cidade de Salvador devido a carestia, a falta de trabalho e o aumento da febre amarela.

“Quando Macaco Beleza voltou do exílio, o cenário político não era dos mais favoráveis. Vivia-se ainda sob a ditadura militar chefiada por Floriano Peixoto (1891-4), que instaurara a censura à imprensa e à liberdade de opinião” (p. 254). A situação era instável devido a fragilidade do governo e a alta rejeição a república entre o povo. O medo das grandes mobilizações populares levou os políticos baianos liberais e conservadores a optarem pela República, mas acabaram excluídos na montagem do novo regime. “Seus projetos de reforma, gestados na luta contra a escravidão, foram eclipsados pelas novas pautas que priorizavam imigração, modernização, reformas ficais , indenizações e auxílios  financeiros para a lavoura” ( p.255).

A construção da República contou com antigos escravocratas. “A geração de políticos que emergiu nos anos seguintes a 1889 cresceu e se socializou sob o escravismo “ (p.256), como Rui Barbosa e Manuel Vitorino. Macaco beleza definia o novo regime como “República de traidores”, com razão.

A nova Constituição promulgada em 1891, “não dedicava um artigo sequer à inclusão política dos egressos da servidão. Além disso, excluíam-se mulheres e analfabetos do direito ao voto“ (p.260). Frente a impossibilidade de embranquecer a Bahia via imigração europeia, a opção foi embranquecer os costumes. A lavagem do Bonfim foi proibida, em 1889. O aparato repressivo foi ampliado, aparelhado e modernizado e a polícia militarizada. A repressão contra as camadas populares aumentou muito.

Macaco Beleza foi violentamente espancado pela polícia em dezembro de 1892, mesmo depois de ter obtido um habeas corpus, certamente como vingança de sua participação no confrontos de setembro e no de 24 de novembro, quando discursou.

Para Macaco Beleza o monarquismo ainda era a base ideológica para a formulação de uma crítica ao regime republicano, que, em sua campanha de ‘desafricanização’ e a intensa repressão contra os ‘antigos usos’, vedava à população negra a participação no mundo da política e obstruía os canais mais acessíveis de luta pela cidadania(p,268).

A saída de cena

“ A última grande  participação de Macaco Beleza em movimentos de rua ocorreu em 1893, por ocasião da Revolta da Armada” (p.269), quando foi espancado pela polícia. Revolta, que ocorreu no Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1893, contra as pretensões ditatoriais de Floriano Peixoto, promovida pelos oficiais da Marinha. Um período repressivo foi implantado no pós-revolta, coincidindo com o sumiço de Macaco Beleza.

“A saída de cena depois de 1893 pode ter representado para ele o fechamentos de um ciclo de participações sucessivas em movimentos de rua que remontavam a meados da década de 1880, quando se engajara no abolicionismo mais radical” (p.271). Vamos ter novamente notícias dele quando presta serviços ao senador do partido Republicano Federalista Severino Vieira, na eleição de 1894,

As acirradas disputas políticas elevaram a violência dos primeiros anos da República.  “uma das consequências nefastas dessa escalada foi o massacre de Canudos  E a vida de Macaco Beleza viu-se decisivamente afetada pelos acontecimentos do período “ ( p.273)

O beato Antonio Vicente Mendes Maciel (1830-97), em 1893, com sua gente estabeleceu em Canudos, rebatizado de Belo Monte, na área de influência política do barão de Jeremoabo. O povoado cresceu rapidamente, estima-se que em 1894 a população fosse de 20 mil a 30 mil, boa parte dela de ex-escravos (as).[5] Antonio Conselheiro e sua gente era motivo de preocupação das autoridades civis e militares (1870) e eclesiásticas (1880).[6] Para o barão Jeremoabo, chefe político, proprietário de terras na região, a pregação de Conselheiro, entre 1874 e 1876, desorganizara o trabalho na região.

Depois da proclamação da República, as prédicas do Conselheiro agregaram temas políticos, ao criticar a República e os republicanos. “As transformações políticas e institucionais decorrentes da instauração da República entraram em choque com o catolicismo popular dos sertanejos (p. 276).[7] Para Conselheiro a monarquia era legitima e abençoada por Deus.

“ Perfilando os dois personagens, Macaco Beleza e Antonio Conselheiro, vê-se que havia muitos pontos de aproximação. Ambos eram ‘pessoas de cor’, tinham uma oratória capaz de reunir multidões, militavam contra a escravidão e partilhavam da mesma convicção monarquista “(p. 277).

Rapidamente, se espalhou pelo território nacional que Canudos era um reduto monarquista, que ameaçava o sistema republicano. Pressionado, Prudente de Morais resolveu intervir atendendo ao pedido de Luis Viana, governador da Bahia, cujas tropas estaduais já tinham sido derrotadas duas vezes em Canudos.

A terceira expedição formada por soldados do exército, comandada por Antônio Moreira Cesar, embaraçou, em 3 de fevereiro de 1897 no Rio de Janeiro, com destino para Bahia, eram 586 homens. A expedição fracassou, o comandante morreu no campo de batalha, desastre reconhecido pelo governo central.

A derrota elevou o clima de exaltação contra Canudos e contra os monarquistas em todo o pais. Gradualmente, se implantou no pais o “terror republicano”. Muitos monarquistas tiveram que deixar o país, jornais foram silenciados. O que levou Prudente de Morais a convocar uma quarta expedição, que partiu em julho de 1987, com mais de mil homens.

“ De agosto e outubro, Canudos foi completamente cercada e seus últimos focos de resistência foram  debelados. Em 3 de outubro o comandante Artur Oscar percorreu exultante as ruas da cidadela” (p.285). No dia 7 de outubro, os jornais anunciam a derrota do “arraial sinistro”. O país festejou.

Os números do maior massacre do país são assustadores: 12 mil militares foram mobilizados, cerca de 25 mil pessoas morreram no conflito, sendo a maioria conselheiristas. “O cadáver de Antonio Conselheiro foi exumado, e sua cabeça foi levada para a capital a fim de ser examinada por médicos legistas, ávidos por evidencias que corroborassem suas teorias baseadas no racismo científico” (p.285-286).[8]

Em plena comemoração da vitória sobre Canudos, ocorreu o atentado contra o presidente Prudente de Moraes, em 5 de novembro de 1897. Nesse período de grande repressão a qualquer manifestação monarquista, Macaco Beleza tinha desaparecido das páginas dos jornais “tudo indica que depois de 1894 as condições de sobrevivência de Macaco Beleza foram se tornando cada vez mais difíceis “( p.287). Ocorre que, “a idade de ouro sonhada estava longe, muito longe nos séculos por vir” (p.288).

Os jornais ao estamparem a morte de Macaco Beleza, em 9 de março de 1898, pôs fim ao mito de que ele possuía o poder de sobreviver aos momentos mais repressivos da cidade. “Macaco Beleza morreu em 8 de março, na enfermaria de indigentes do Hospital Santa Isabel, pertencente à Santa Casa da Misericórdia (p.288).

O tom das reportagens sobre a morte foram de sarcasmo e preconceito. Várias são as versões sobre sua morte.  Fraga não descarta “a possibilidade de que Manuel Benício dos Santos tenha sito assassinado por motivação política(292), dado clima reinante no período. Ele teve tempo de assistir aos carnavais de 1897 e 1898 nos quais os blocos Embaixada Africana e Pândego da África, trouxeram para a avenida a África com seus reis e rainhas. Um autêntico contra ponto contra o racismo científico, que inferiorizava os africanos.

Macaco Beleza foi sepultado dois dias depois de sua morte, num enterro cercado de cuidados por parte das autoridades que temiam a participação do povo.

Considerações finais

Walter Fraga em Longe, muito longe ao resgatar a trajetória de Manoel Benício dos Passos, apelidado de Macaco Beleza, visualiza para seus leitores (as) a vida e obra de Manoel Benício, resgatando, também, um dos períodos mais conturbados da história do Brasil no qual o pais presenciou a abolição, o fim do Império, o golpe republicano e os primeiros anos da República. Resgate este, que serviu de pano de fundo para a apresentação da vida de Manoel Benicio.

Ao seguir os rastros da trajetória do monarquista Manoel Benício, o célebre “tribuno das ruas” de Salvador, convida seus leitores(as) não só a conhecerem a vida de Macaco Beleza, mas a renovarem o olhar sobre o período histórico no qual ele viveu.

Mesmo sem abundância de fontes, Fraga consegue garimpar informações que possibilitam reintroduzir o esquecido Macaco Beleza na história do Brasil. Isto só foi possível depois de romper o silêncio que o invisibilizava.  O silencio historiográfico nada mais é do uma morte, no caso uma segunda morte.

“Macaco Beleza pertencia a uma geração que depositou grandes esperanças no fim da escravidão e viveu o suficiente para padecer do desencanto diante de uma realidade muito aquém da imaginada como promessa de uma nova era” (p.287-288).  Sentimento que desconstrói uma ideia tão presente no período, mas ainda atual em alguns segmentos da sociedade brasileira: a de que o povo é incapaz de situar-se no mundo em que vive. Nas palavras do autor,” mais uma vez [ a elite política] recorria-se à ideia de que as camadas populares eram  incapazes de compreender o mundo à sua volta, e por isso mesmo estavam sujeitos à manipulação” (p.280).

As camadas populares pensam a seu modo, no seu ritmo no que está acontecendo ao seu redor. A cultura popular possui uma dinâmica própria que geralmente passa despercebida  pelos intelectuais e políticos. Dinâmica esta que vai se constituindo paulatinamente desde que dada as condições históricas para isso. No período que viveu Macaco Beleza as condições históricas estavam dadas.

Na agenda da luta republicana a luta pela abolição não esteve presente, a República não se posicionou de maneira clara à favor dos ex-escravizados, muito pelo contrário, na primeira grande oportunidade que teve por ocasião da elaboração da nova constituição, em 1891, os ignorou.  Foram, ainda, objeto de uma implacável perseguição, por serem considerados monarquistas. Na verdade, nem todos eram monarquistas

Longe, muito longe ao longo em suas páginas escancara a violência republicana contra as camadas mais vulneráveis da população, sepultando  “a ideia de que a República emergira como um regime de consenso e sem sangue derramado não mais se sustentava” (p.285). O rosário de violência é longo: violência contra os capoeiras, contra os monarquistas, contra os ex-escravos e contra políticos que não partilhavam das ideias republicanas. A violência do regime republicano teve seu ápice na destruição de Canudos, quando ganha  ares genocidas. Para Fraga, “ainda se passaria algum tempo para que aquela euforia patriótica desse lugar à percepção de que Canudos estava mais para tragédia do que para glória republicana” (p.286).

O texto esclarece também o desejo da classe senhorial no pós-abolição, de que os ex-escravos continuassem a servi-la e a gerar riqueza. Entende-se então,”o reconhecimento tardio de que a escravidão foi uma forma de opressão racial que tinha por fim fazer crer que os libertos deveriam  calar um suposto ressentimento racial contra quem os escravizou “ ( p.115). No lugar da reparação novamente o silenciamento.  Vale lembrar que a estrutura racista de apagamento e silenciamento continua presente na sociedade brasileira, sendo continuamente retroalimentadas por segmentos da população brasileira.

Pelo consistente pesquisa, pela escrita leve, generosa, bem fundamentada e pelo resgate desta figura ímpar de nossa história Manoel Benicio dos Passos, vulgo Macaco Beleza, Longe, muito longe é um convite irrecusável à leitura.

No turbulento transito de Manoel Benício espelha-se uma desventura maior: a da sociedade brasileira que em sua vertente democrática e modernizante, não conseguiu, até hoje, transformar toda a sua população em cidadãos de primeira classe, não conseguiu superar o racismo estrutural e religioso.

O que de melhor se pode dizer ainda de Longe, muito longe é de ser uma crítica perspicaz e talentosa, que recompôs o tempo e o drama da República brasileira  e de seu liberalismo que continua prescindindo da participação ativa de todos os seus cidadãos. A publicação dessa obra não podia chegar em melhor hora, hora de reconstrução do pais.

Bibliografia

DOROTIOTO. Francisco. Maldita Guerra. Nova história da Guerra do Paraguai. 2.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

 

FRAGA, Walter. Longe, muito longe. Manuel Benício dos Passos, um capoeira no ativismo do pós-abolição, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2023.

LÍBANO, Carlos Eugênio. A capoeira escrava  outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (18º8-1850). Campinas: Editora Unicamp, 2001.

 

 --------. A negrada  Instituição. Os capoeiras na Corte Imperial, 1850-1890. Rio de Janeiro: Acess editora, 1999.

 

PIROLA, Ricardo Figueiredo. A lei de 10 de junho de 1835. Justiça, escravidão e pena de morte. Rio de Janeiro Arquivo Nacional, 2015.

 

VASCONCELLOS, Pedro Lima; VASCONCELLOS, Taciana Mafra. O laudo trincado e o resgate de um(a) cabeça. O caso de Antonio Conselheiro. Maceió Edufal, Fapeal, 2023.

------. O leite, o cuscuz e o céu: o Belo Monte de Antonio Conselheiro e a falácia euclidiana. Maceió: Edufal, 2023.

 

------. Missão de Guerra: capuchinhos no Belo Monte de Antonio Conselhieero. 2ª ed. Maceió: Edufal:2021.

 

------.. O Belo Monte de Antonio Conselheiro: uma invenção “biblada”. Maceió: Edufal, 2015.

 

 


[1] Walter FRAGA. Longe, muito longe. Manuel Benício dos Passos, um capoeira no ativismo do pós-abolição, Rio de Janeiro: Zahar Editores,2023. Passaremos a indicar apenas a página do livro.

[2] Ver uma ampla análise da guerra, Francisco DOROTIOTO . Maldita Guerra. Nova história da Guerra do Paraguai. 2.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

[3] Ver Carlos Eugênio LÍBANO. A capoeira escrava outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (18º8-1850) .Campinas: Editora Unicamp, 2001; --------. A negrada Instituição. Os capoeiras na Corte Imperial, 1850-1890. Rio de Janeiro: Acess editora, 1999.

[4] Para um visão mais ampla da lei que implantou a pena de morte para escravizados(as) , ver. Ricardo Figueiredo PIROLA. A lei de 10 de junho de 1835. Justiça, escravidão e pena de morte. Rio de Janeiro Arquivo Nacional, 2015.

[5] Para uma visão da vida no arraial, ver Pedro Lima VASCONCELLOS. O Belo Monte de Antonio Conselheiro: uma invenção “biblada”. Maceió: Edufal, 2015.

[6] Com relação as preocupações da Igreja, ver. Pedro Lima VASCONCELLOS. Missão de Guerra: capuchinhos no Belo Monte de Antonio Conselheiro. 2ª ed. Maceió: Edufal: 2021.

[7] Para um resgate da imagem de Antonio Conselheiro tão criticada por Euclides da Cunha em Os sertões, ver Pedro Lima VASCONCELLOS. O leite, o cuscuz e o céu: o Belo Monte de Antonio Conselheiro e a falácia euclidiana. Maceió: Edufal,2023.

[8] Para uma crítica ao laudo de Nina Rodrigues, ver Pedro Lima VASCONCELLOS; Taciana Mafra VASCONCELLOS. O laudo trincado e o resgate de um(a) cabeça. O caso de Antonio Conselheiro. Maceió Edufal, Fapeal, 2023. “O presente trabalho desnuda a inconsistência ’científica’  da elaboração nineana a respeito do tema e denuncia a politização que a atravessa, articulando aparatos teóricos e críticos convergentes entre História e Psicanálise: Machado de Assis, Freud, Lacan e o próprio Conselheiro, em sua letra , se aliam nesta empreitada” ( Quarta Capa)

 
 
 

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